Tamba-tajá

Fafá de Belém

Tamba-tajá é o álbum de estreia de Fafá de Belém, lançado em 1976, que marcou a indústria fonográfica com seu regionalismo amazônico. A obra surge logo após estrondoso sucesso de sua gravação para “Filho da Bahia”, faixa especial que integrou a trilha sonora da telenovela Gabriela, de 1975, exibida pela TV Globo.  

 Integrada à floresta, surge na capa uma Fafá ao mesmo tempo mística e ousada. Além de planta, que se apresenta com folhas triangulares que trazem no verso outra folha de tamanho reduzido, cujo formato se assemelha ao órgão genital feminino, tamba-tajá é lenda entre os Macuxi, povo indígena que compreende a união dessas folhas como um sinal de grande amor entre os casais. 

“A garota que vem da Amazônia e ouve jazz”, era como Fafá se apresentava nas entrevistas que concedia para divulgar Tamba-tajá. Nelas, também situava  o disco como seu nascimento artístico. O álbum trazia influências musicais e de vida, culminando na mistura de uma Fafá em Belém (na juventude, integrante de uma família musical), somada à Fafá sem Belém (pela prematura migração para o sudeste e os contratos com gravadoras e estúdios) e multiplicada pela Fafá de Belém (a cantora buscando estabilidade na indústria fonográfica nacional, sem jamais se desvencilhar das origens).

Já conhecida, lá pelos idos de 1980, no palco dos comícios pró-democracia, Fafá de Belém foi a presença, o discurso e o canto feminino na campanha pelas Diretas Já. Sem convite e, por vezes, barrada, Fafá construiu uma participação ativa e tornou-se símbolo do movimento, enfrentando a resistência à sua participação, sob alegações de falta de vínculo político partidário ligado às lutas democráticas. Isso não a impediu de fazer famoso o refrão de Menestrel das Alagoas (de Milton Nascimento), que diz, “De quem é essa ira santa? Essa saúde civil? Que tocando na ferida. Redescobre o Brasil”.  

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