Severino

Paralamas do Sucesso

Em meados dos anos 1990, num momento ainda analógico da indústria musical brasileira, Severino quebrou regras da logística do mercado cultural. A monocultura musical era um modelo que operava o nascimento, o auge e a derrocada de gêneros sonoros, escolhidos e explorados à máxima exposição midiática e mercadológica.

Em 1990, o ritmo da vez era o Axé Music, movimento musical baiano surgido ainda nos 1980, mas que explode nacionalmente em 1992, alavancado pelo carnaval de rua de Salvador. O Axé, que compôs a trilha sonora de uma retomada das ruas pós-ditatura, se firmou mania nacional entre os caras-pintadas, geração de estudantes que lutaram pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. 

 Com Severino, Os Paralamas do Sucesso refutam a competição artística e, estrategicamente, abraçam a onda regional. A banda de rock grava um álbum homenageando o legado da música nordestina, que não se limitava, como a mídia especializada fazia parecer, na fusão sonora da percussão e da guitarra baiana, musicalidades trazidas dos terreiros de candomblé e dos trios elétricos.  

As culturas nordestinas estiveram demonstradas pela linguagem, sonoridade, estética e referências contidas na capa, que abraçou o universo do artista Arthur Bispo do Rosário. Sergipano, Bispo do Rosário se expressou na contramão manicomial, discutindo arte e saúde mental.    

Não à toa, Severino foi um álbum contemporâneo ao disco de estreia dos pernambucanos Chico Science e Nação Zumbi. Da Lama Ao Caos (1994) introduziu o movimento manguebeat e confirmou os nordestes contidos no Nordeste. 

Contestadores, Os Paralamas seguiram fazendo rock, mantendo a tradição nacional de questionar e indignar as gerações.  

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