Estação da Luz é como uma “bienal de arte”. Álbum concebido pelo multiartista Alceu Valença, o disco inovou ao trazer dez canções e, dedicadas a cada uma delas, dez telas de artistas plásticos pernambucanos, testemunhas do universo criativo do cantor. As telas dialogavam com as fervorosas inspirações de Valença: a cidade do Recife, a cidade de Olinda, o carnaval do Recife, o carnaval de Olinda. Com curadoria do próprio Alceu, a lista dos expositores amigos incluiu nomes como Paulo Bruscky, Marcos Amorim, Tiago Amorim, Roberto Lúcio, Sérgio Lemos, Aprígio, Zé Som e Marcos Cordeiro. A arte, aqui, ganha ares universais sem perder o acento regional, mostrando um Brasil heterogêneo, capaz de assimilar suas diferenças sem discriminá-las.
“Lá vem chegando o verão / No trem da estação da luz” são os versos que inspiram a pintura que ilustra a capa. Pelo pincel de Wellington Virgolino nasce um Alceu animado, rodeado de símbolos pernambucanos. Os cajus, o guarda-chuva do frevo e o artista, ele próprio, o cantor e compositor Alceu Valença. A coletânea de pinturas foi para Alceu como uma narrativa fílmica, uma história possível de ser contada com música e movimento, tela a tela, canção a canção. Anos depois, o imaginário cinematográfico se concretiza e o cantor estreia como diretor do filme A Luneta do Tempo (2016). A canção que intitula o álbum serviu de objeto de estudo para o campo das migrações, sendo possível, pelo registro histórico trazido por Alceu, compreender as memórias que identificam a Estação da Luz, em São Paulo, como porto de chegada e saída de migrantes nordestinos à capital.