Nos anos 1990, a música baiana foi renovada pelo movimento Axé Music, que mesmo sem favorecer os blocos afros, origem do Ara Ketu, ajudou a nacionalizar o samba-reggae. O som dos tambores, tradução das batidas dos atabaques sagrados do candomblé, tornou-se a célula musical matriz dos ritmos que caracterizavam cada artista.
Pioneira pela introdução de instrumentos eletrônicos à batida marcante da percussão baiana, a banda Ara Ketu tem quarenta e um anos de história, com origens no subúrbio ferroviário de Salvador.
De 1994, o álbum “Bom demais” carrega a faixa “Ara Ketu Bom Demais”, hit do carnaval soteropolitano, premiado como música de maior sucesso da festa no ano de 1995.
A capa é destaque na discografia do grupo por evidenciar e popularizar nas mais de 200 mil cópias vendidas um ato tido como político, a afetividade negra. Nessa abordagem, dois anos antes uma campanha nacional é lançada pelo jornal do MNU (Movimento Negro Unificado), cujo emblema alardeava: “beije sua preta em praça pública” e, tal qual a capa do disco, o jornal estampou uma foto centralizada e preenchendo quase a totalidade daquela manchete, um desavergonhado beijo de um casal negro.
A proposta era lutar contra o preconceito que fazia com que o homem negro saísse escondido com a mulher negra.