O Beijo da Mulher Aranha

Resenha

Baseado no romance homônimo de Manuel Puig, O Beijo da Mulher Aranha é um dos filmes latino-americanos mais celebrados da história, recebendo quatro indicações da Academia e concedendo a William Hurt o Oscar de melhor ator. 

O longa acompanha o desenvolvimento da relação entre dois homens presos durante a ditadura militar: Valentim e Molina. O primeiro está na cadeia por ser um guerrilheiro revolucionário, o segundo, por ser gay. Valentim é o macho padrão, racional e estóico, enquanto Molina é afeminado, emocional e dramático. Além de personalidades contrastantes, seguem ideais opostos: Molina tem desinteresse em qualquer debate político, preferindo ignorar todos os abusos do regime e viver rememorando os filmes que assistia no cinema, sendo, por sua vez, brutalmente repreendido por Valentim, rigidamente comprometido com um realismo crítico e militante.

Se os dois começam em conflito, os ardis do cárcere os aproximam e, com o tempo, nasce uma cumplicidade entre companheiros de cela que cresce e culmina em amor. Valentim, no início intolerante com os dandismos de Molina, se vê forçado a abraçar seu lado mais vulnerável, enquanto Molina passa a admirar a convicção e coragem de Valentim na luta por um mundo melhor. 

A utopia revolucionária concilia-se com a fantasia escapista e, ao final, criam uma mútua admiração e solidariedade. O Beijo da Mulher Aranha é muitas coisas: uma crítica à violência da ditadura e da sociedade que a sustenta, um retrato dignificante da homoafetividade e das resistências latinoamericanas e uma história de amor. É também uma reflexão profunda sobre a conturbada, mas inevitável, relação entre arte e política.

Ficha Técnica

Direção: Hector Babenco

Roteiro: Leonard Schrader

Elenco: William Hurt, Raúl Juliá, Sônia Braga

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