Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos

Resenha

Ficção premiada em Cannes, acompanha em tons documentais a história de Ihjãc, um jovem  da etnia Krahô, localizada no Tocantins. Após a morte de seu pai, Ihjãc é atormentado por espíritos, sendo obrigado a organizar um banquete fúnebre para sarar suas angústias. No entanto, Ihjãc rejeita seu dever tribal e escolhe fugir para a cidade. Lá, segue perseguido pelos seus pesadelos, confrontando-se com uma burocracia estatal que, apesar de o forçar a assumir “um nome branco”, ainda assim é incapaz de lhe prestar o devido auxílio.

A morte de um ente querido é uma temática universal, mas Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos a trabalha a partir de uma visão diferente da ocidental. Em crise, Ihac busca socorro em um hospital público, insistindo que está doente. Versados em problemas físicos, mas míopes às questões espirituais, os funcionários o taxam de hipocondríaco e obrigam a retornar à aldeia que o assombra ou a viver nas ruas que o desdenham.

Escapando de simplificações rasas, o filme não reduz o indígena àquele que ou rejeita a modernidade, ou deve ser protegido dela. A experiência pessoal de Ihjãc traz à tela um homem contemporâneo que transita, de forma tensa e truncada, entre a cidade e a aldeia, entre o mundo indígena e o mundo não-índio e que, inevitavelmente, se defronta com uma sociedade e um Estado que falham em atendê-lo, mostrando os desafios colocados a uma inclusão efetiva dos indígenas na cidadania. 

Ficha Técnica

Direção: Reneé Nader Messora e João Salaviza

Roteiro: João Salaviza, Renée Nader Messora

Elenco: Henrique Ihjãc Krahô, Raene Kôtô Krahô e os habitantes da aldeia Pedra Branca

Sugestões de Leitura

HORTA, Amanda. Chuva é cantoria na aldeia dos mortos. Diretores: reneé nader messora e joão salaviza. produção. Anuário Antropológico, [S.L.], n. 461, p. 322-326, 3 jan. 2021. OpenEdition. http://dx.doi.org/10.4000/aa.7717.

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