Crise da democracia
Por Flávia Biroli
No ano de 2014, dois eventos deram o arranque para a erosão da democracia no âmbito institucional. Nesse ano, iniciou-se a Operação Lava Jato, que criminalizaria seletivamente a política. Dilma Rousseff, eleita para seu segundo mandato presidencial no mesmo ano, teria sua vitória contestada pelo candidato vencido, algo inédito no ciclo democrático da Nova República. Sua deposição em 2016 criou oportunidades para a ascensão da extrema-direita, impulsionada pela antipolítica. Também abriu um período de acelerada retração nos direitos e intensificação da captura privada do Estado. A reforma trabalhista aprovada em 2017 e a constitucionalização de uma agenda radical de austeridade ilustram bem essa dimensão da erosão da democracia no Brasil. O desmantelamento do Estado, em que se destaca a desregulamentação das políticas de proteção ambiental, e o combate à agenda de direitos humanos seriam marcas do governo Bolsonaro.